Um homem que se dedicava no vilarejo a serviços gerais não se conformava por se sentir menos importante do que o médico local.
Em silêncio, cada vez mais ressentido, aguardava o momento de dar o troco demonstrando na prática seu valor pessoal. Não! Ele não desejava fazer mal ao médico nem a ninguém, mas a sociedade em geral precisava de uma lição.
Ocorreu que o chuveiro, na casa do médico, deixou de funcionar. O facultativo encontrava-se na chácara de sua propriedade, fazendo o parto de uma de suas vacas de estimação. A esposa do médico ligou para o homem do chuveiro. Pediu sua presença, explicou sobre a necessidade de seu marido, que deveria seguir logo para o hospital.
Era a oportunidade que o homem do chuveiro esperava.
Daria o troco!
Ou o médico não tomaria banho, ou chegaria atrasado ao plantão no hospital.
Para não ser incomodado nem mesmo pela esposa caso o telefone o chamasse novamente, resolveu subir ao forro de sua oficina e ali ocultar-se. Ocorreu, entretanto, que depois de ouvir a esposa gritar por ele várias vezes, desceu por uma escada mal posicionada que resvalou com o peso e caiu. Na queda o homem do chuveiro sofreu traumatismo interno grave.
Chamado com urgência ao hospital, o médico precisou de algum tempo para aquecer água em um fogão de boca, sem o que não podia tomar banho. Com isso, chegou ao hospital com atraso.
E o homem do chuveiro, que não valorizou sua profissão, faleceu por falta de socorro médico.
(de meu caderno de capa de pano)
(imagens da internet)
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