sexta-feira, 12 de junho de 2009

A onça da mão torta




A ONÇA DA MÃO TORTA

Há muitos anos uma velha tapuia feiticeira e má, morava em certa choça de cascas de pau, no barranco do rio São Francisco. Contava-se que ela se alimentava de sangue humano e, quando este não a fartava, comia também o fígado se suas vítimas. Um ou outro caçador a surpreendia casualmente no meio da catinga, ou à boca de uma das furnas da serra.
Quando tinha fome, despia-se, estendia os trapos no chão, mas às avessas, e a seguir deitava-se neles, espojando-se como um bicho. E virava onça. Assim transformada, atirava-se contra pobres criaturas, geralmente mulheres e crianças. Apaziguada a fome, voltava ao ponto de partida e, rebolando-se sobre os andrajos, transformava-se de novo em gente. Certo dia, porém, bateu um pé de vento, atirou os seus trapos no rio e ela não pôde desencantar-se. Ficou onça para sempre e lá existe.***Mas há quem conte essa lenda de modo diferente.As tapuias eram duas e gêmeas. Conversavam elas à beira de uma várzea, a olhar gorda novilha que pastava.Uma das gêmeas falou:- Já faz tempo que nós não comemos uma osga de carne... E olhe ali que novilha boa... Está até espelhando de gordura!A outra, que era feiticeira disse, disse:
- Ora... Se você garante que não me atraiçoa, eu viro uma onça cabocla e mato a novilha para a gente cear...– Está dito!Ouvindo a resposta da irmã, a bruxa tomou duas folhas verdes, benzeu-as e entregou-as à outra:- Segure nesta folha. Eu tiro a roupa atrás daquela moita e venho de quatro pés com a boca aberta. Aí você mete a primeira folha na minha boca, para eu virar onça. Depois que eu matar a novilha, volto e você bota a segunda folha na minha boca para eu virar gente outra vez. Mas não precisa se assustar, pois eu não lhe faço mal. Se você ficar com medo, atrapalha tudo e eu continuo onça para sempre.
– Entendi muito bem – respondeu a irmã.Na primeira parte, ela saiu-se muito bem. Mas quando chegou a vez de colocar a segunda folha, teve medo e fugiu. E a bruxa continuou sendo onça.Mais tarde, caiu numa armadilha que lhe prepararam, quebrou umas das patas e ficou defeituosa. Em vista disso, as diversas pessoas que a tem encontrado, passaram a designá-la como a onça da mão torta.(Martins, Saul. O Diário de Belo Horizonte. 23 de julho de 1950. Em Estórias e lendas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, p. 111-113)

Um comentário:

  1. valeu!!! me ajudou muito!eu tenho um trabalho sobre essa lenda vou copia-la!! parabens pelo blog! acssa o meu tem bastante novidades!! http://planetateen.maisblog.net/
    eu sou a propietaria:Mariah
    beijos!!!obg thau

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