segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Celular! Ah! Meu celular.



Celular! Ah! Meu celular

(texto de Avelino Fernando Menck)
(Gentilmente cedido Venturas do Viver)


Todo dia encontro-a na rua, feliz. Queria dizer-lhe alguma coisa. Um bom dia talvez! Porém, mudo de calçada para não constrangê-la com meu olhar suplicante.
Confesso. Estou triste! Hoje não a vi. Nunca imaginei que ela me fizesse tanta falta. Estará doente?! Ou mudou o trajeto? Outra rua talvez! Queria tanto vê-la, mesmo à distância. Pode ter antecipado sua caminhada para me evitar?
O desencontro me abala. Ah! Se eu soubesse o celular!
Já em casa ouço músicas: I don´t want to talk about it, Just tell me you love me,Bed of roses. Sonhos. Vejo-me em um grande salão dançando com ela de roso colado. Minha mão direita descansa em seu dorso desprotegido até a metade. A esquerda, sob seus longos cabelos aproxima seu lindo rosto contra o meu e sinto o suave perfume que a fresca pele de seus ombros desnudos exala.Palavras? Nenhuma.Só o pensamento viaja.
Imaginem...Whem a man loves a woman. Minha mão passeia por seus ombros nus.Ela aperta meu antebraço suavemente..."Suave é a noite". Nossas mãos, entrelaçados os dedos, se encontram e carinhosamente nos entregamos a devaneios. "Feelings" Nossos olhares se cruzam.Lindos olhos castanhos claros. Às vezes esverdeados. Ela entrelaça meu pescoço com ambas as mãos. As minhas? Bem, as minhas, trêmulas, cingem sua cintura. "Feelings"... Últimos acordes. Olhos semi-cerrados, ela me oferece os tão desejados lábios. Nosso primeiro pacto de amor? Meu coração treme como se levasse um leve choque. Sua imagem desaparece de meus braços.
O celular, no bolso da camisa vibra. A mensagem:
" Não foge mais de mim...Eu também te amo!"

Um comentário:

  1. O professor Avelino continua o Mestre de sempre. Sua capacidade de sentir, de captar o que sente o leitor do seu tempo é notável. Isso ele já expressava, há alguns anos, numas marcantes experiências na Escola Nascimento Sátiro da Silva, em Iporanga, com suas crônicas e poesias para "jornais" como O BERRANTE e O BOCUDO. Obrigado, Mestre.... Edivaldo Saturnino dos Santos

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