PISTAS
(Texto de Avelino Fernando Menck)
(Gentilmente cedido para Venturas do Viver)
Acordou sozinho no hospital. Cabeça enfaixada, braço e perna engessados. Um estrago considerável. Na mão livre sua carteira e um bilhete "Na próxima não seja tão afoito. Levei trezentos pela peça rasgada". À medida que o efeito das anestesias e drogas passava, ele recordava o incidente.
(Texto de Avelino Fernando Menck)
(Gentilmente cedido para Venturas do Viver)
Acordou sozinho no hospital. Cabeça enfaixada, braço e perna engessados. Um estrago considerável. Na mão livre sua carteira e um bilhete "Na próxima não seja tão afoito. Levei trezentos pela peça rasgada". À medida que o efeito das anestesias e drogas passava, ele recordava o incidente.
Naquela manhã, acordara sentido um suave perfume que não lhe era muito familiar. Sobre sua cabeça, pequena peça de roupa rendada, parte superior de sensual pijama feminino. Aspirou mais uma vez o perfume esfregando-a pelo rosto e só então percebeu que estava sem companhia
Sentou na cama espreguiçando-se, e, dirigindo o olhar para a porta do quarto, como se a procurasse, deparou com a parte inferior do pijama pendurado na maçaneta. Levantou-se, apanhou a peça levando-a de encontro ao peito. Só então percebeu sua nudez.
Abriu a porta, um soutien de levíssimo tecido descansava no corredor não muito longo. Caminhou até ele e, brincando, colocou a alças nos ombros como se o vestisse.O perfume ainda impregnado na peça inebriou-o mais uma vez. Fechou os olhos sonhando.
No chão, em frente à porta entreaberta do banheiro, a última peça: branca, transparente e pequena. Uma voz cantarolava "When I need you" e ouvia-se o ruído relaxante da água que enchia a banheira.
Abriu a porta vagarosamente e a viu, totalmente imerso em espumas, apenas o belo rosto à flor da água. "Entre amor, estava te esperando". Foi a última coisa que ouviu antes do escorregão.
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