MANHÃ DE DOMINGO EM PLENO VERÃO
Ele acordou com os sons do que identificou claramente; eram socos surdos e gemidos abafados. Na parede o ponteiro maior do relógio descia na direção do menor que apontava para o número seis. Por um breve instante alinharam-se os dois ponteiros. Estiveram tão próximos que pareciam constituir um único ser. Ele ouviu agora o som de uma porta que bateu forte. Seus olhos rasos de água permaneceram sobre o ponteiro menor a que o maior abandonara em busca das alturas.
Naquela manhã ele não escreveu.
Precisou resgatar sua alma, que o abandono e o desamor haviam empurrado para as profundezas de um abismo. Ao encontrá-la a viu pequenininha e acuada, precisando de um encorajamento que ele temeu não ter para dar. Reagiu, entretanto, com base em seu calejado coração ferido por tantos anos de rejeições sofridas.
Foi só no final daquela mesma tarde que ele voltou a ver Valdiva.
A menina – porque apesar de crescida não era mais do que uma menina – tinha naquele início de noite um olho quase fechado por uma protuberância na cor quase chumbo no rosto constrangido.
-- Pode contar uma história de amor? Sei que escreve, mas não tenho saco para ler.
-- Acontece. Ouviu falar sobre os alinhamentos dos planetas?
Ela sentou-se sobre o gramado recostando-se sobre uma das bases do banco de madeira. Com as pernas esticadas arfou o peito fazendo-se sexi.
-- No céu? – perguntou
-- É! Lá no céu. Alinhados parecem tão próximos. É como se fossem um só.
-- Que lindo!
-- Acontece muitas vezes desde que o mundo é mundo. Por algum tempo ficam juntos. Depois cada um segue seu destino.
-- Quando é que essa angustia chega ao fim?
-- Só lá na eternidade.
Valdiva abriu um sorriso.
-- Então há esperanças?
Ele contemplou o rosto que lhe pareceu pleno de luz.
Curioso como há tantas pessoas transbordantes de amor e que, no entanto, vegetam esquecidas na escuridão a que lhes empurram a rejeição e o desamor.
Ele deixou a menina vizinha no portãozinho da casa dela. Foi para o tear, para varar a noite tecedo histórias de amor.
Ele acordou com os sons do que identificou claramente; eram socos surdos e gemidos abafados. Na parede o ponteiro maior do relógio descia na direção do menor que apontava para o número seis. Por um breve instante alinharam-se os dois ponteiros. Estiveram tão próximos que pareciam constituir um único ser. Ele ouviu agora o som de uma porta que bateu forte. Seus olhos rasos de água permaneceram sobre o ponteiro menor a que o maior abandonara em busca das alturas.
Naquela manhã ele não escreveu.
Precisou resgatar sua alma, que o abandono e o desamor haviam empurrado para as profundezas de um abismo. Ao encontrá-la a viu pequenininha e acuada, precisando de um encorajamento que ele temeu não ter para dar. Reagiu, entretanto, com base em seu calejado coração ferido por tantos anos de rejeições sofridas.
Foi só no final daquela mesma tarde que ele voltou a ver Valdiva.
A menina – porque apesar de crescida não era mais do que uma menina – tinha naquele início de noite um olho quase fechado por uma protuberância na cor quase chumbo no rosto constrangido.
-- Pode contar uma história de amor? Sei que escreve, mas não tenho saco para ler.
-- Acontece. Ouviu falar sobre os alinhamentos dos planetas?
Ela sentou-se sobre o gramado recostando-se sobre uma das bases do banco de madeira. Com as pernas esticadas arfou o peito fazendo-se sexi.
-- No céu? – perguntou
-- É! Lá no céu. Alinhados parecem tão próximos. É como se fossem um só.
-- Que lindo!
-- Acontece muitas vezes desde que o mundo é mundo. Por algum tempo ficam juntos. Depois cada um segue seu destino.
-- Quando é que essa angustia chega ao fim?
-- Só lá na eternidade.
Valdiva abriu um sorriso.
-- Então há esperanças?
Ele contemplou o rosto que lhe pareceu pleno de luz.
Curioso como há tantas pessoas transbordantes de amor e que, no entanto, vegetam esquecidas na escuridão a que lhes empurram a rejeição e o desamor.
Ele deixou a menina vizinha no portãozinho da casa dela. Foi para o tear, para varar a noite tecedo histórias de amor.
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